Como alcançar a segurança financeira 

 Ao longo deste artigo pretendo apresentar de uma forma simples e concisa de como elaborar um orçamento mensal e alcançar a segurança financeira em aproximadamente 2 anos caso estejam a começar do zero e tenha uma taxa de esforço inferior a 65 %.

A segurança financeira sob a ótica do autor deste artigo consistem num fundo de emergência de 6 meses e um fundo de maneio. O Fundo de emergência é na prática uma almofada financeira que deve conter o montante necessário para que o leitor possa manter o seu estilo de vida durante 6 meses mesmo que não tenha qualquer tipo de rendimentos.

Esta almofada financeira deve ser utilizada apenas em situações de emergência como perda de rendimentos , despesas medicas etc. O fundo de Maneio por sua vez é constituído por um salário líquido e tem como objetivo permitir ao leitor ter algum dinheiro disponível para imprevistos menores e boas oportunidades.

A elaboração de um orçamento mensal é um dos primeiros e mais importantes paços para uma vida financeira saudável.

Infelizmente devido á falta de educação financeira a esmagadora maioria dos portugueses não tem as bases necessárias para a correta elaboração de um orçamento. Outro dos problemas frequentemente encontrados na elaboração de orçamentos é que os mesmos são elaborados de forma bastante restrita fazendo assim com que seja bastante difícil mante-los a longo prazo. Não pretendo de forma alguma indicar-lhe onde deve gastar o seu dinheiro.

A abordagem que estou prestes a apresentar-lhe dá-lhe a liberdade de alocar os seus rendimentos onde bem entender desde que cumpra duas regras bastantes simples, poupar 10 % e não ter uma taxa de esforço superior a 65%.

O primeiro passo

O primeiro passo é o levantamento de todas as despesas mensais, entenda-se as despesas essenciais como a créditos, compras de supermercado, serviços como água e eletricidade entre outras. Devem também fazer uma lista de todas as despesas anuais tal como o IMI, seguro do carro, idas ao dentista etc. 

Ás despesas que são constantes em valor e que são fixas todos os meses vamos atribuir a categoria “A”. Algumas despesas podem não ser fáceis de contabilizar uma vez que não são possuem sempre o mesmo valor, como por exemplo as compras do supermercado, a estas vamos chamar-lhes despesas do tipo B (mais á frente no artigo será explicado como as incluir no nosso orçamento), despesas que são constantes em valor, mas não são pagas todos os meses como por exemplo a faturada eletricidade devem ser categorizadas como despesas tipo C. Por fim as despesas do tipo D são aquelas que são inconstantes a nível de valor que não são pagas todos os meses. 

 Como descrito no início deste artigo o principal objetivo do mesmo é garantir que o leitor consegue orçamentar de forma correta as despesas que enfrentará durante o mês e isso inclui pequenos imprevistos como uma fatura cujo valor foi mais elevado do que o esperado. Para tal a categorização correta das despesas é imperativo. No quadro abaixo está um resumo das regras que deve utilizar na categorização das suas despesas e a forma que o autor considera correta para que as mesmas sejam incluídas no orçamento mensal:

É de notar que quanto maior for o histórico dos meses anteriores mais preciso será o seu orçamento, 4 meses são o recomendado para que se tenha uma visão precisa das despesas mensais.

Tipo A – Se em janeiro , Fevereiro, Março e Abril pagou sempre 120€ para a prestação do carro pode esperar quem no mês seguinte o valor será de 120€.

Tipo B – Para as despesas que tem todos os meses, mas cujo valor não é constante deve-se fazer a média e aplicar uma margem de segurança de 10 %. Esta margem visa proteger o leitor de fenómenos como a inflação.

Tipo C – Se tem uma fatura de 2 em 2 meses por exemplo e o valor é constante deverá fazer a media da mesma e utilizar esse valor , mesmo que para o mês em questão a mesma não se aplique.

Tipo D – Aplica-se o mesmo princípio que nas despesas tipo B. 

Uma vez efetuado o levantamento das despesas mensais é agora necessário efetuar o levantamento das despesas anuais, este é um dos paços mais frequentemente negligenciados e, no entanto, é um dos mais importantes.

Devido ao facto de raramente se levar em conta as despesas anuais muitas vezes somos confrontadas com “imprevistos” que na realidade de imprevistos pouco ou nada têm.

Todos sabemos que teremos de pagar o IMI, todos sabemos que o carro tem de ir à oficina pelo menos uma vez por ano, da mesma forma que todos sabemos que vamos visitar o dentista, no entanto se não planearmos estas despesas seremos apanhados desprevenidos.  

 Para a correta inclusão destas despesas no seu orçamento mensal é importante que saiba quantos meses faltam até que a mesma vença. A semelhança das despesas mensais é também importante ter um histórico dos anos anteriores.

Como pode ver no quadro acima o que se deve fazer é a media dos últimos anos e adicionar uma margem de 20% isto porque estas despesas estão mais distantes e estão sujeitas a maior flutuação de valor.  Uma vez feito este cálculo o valor obtido deve ser dividido por o número de meses que faltam até que tenha de saudar esta despesa.

Imaginemos que está a ler este artigo em Abril de 2022 e que terá de pagar o IMI em dezembro. Neste exemplo vamos assumir quem em 2020 pagou 1200€ e em 2021 pagou 1180€.

A média deste valor é de 1190€. Como estamos em Abril ( mês 4 ) e terá de pagar em Dezembro ( mês 12 ) significa que tem 8 meses a separa-lo da data de pagamento.

Vamos então dividir os 1190€ por 8. O valor que tem de adicionar ao seu orçamento é de 178,5€. Uma vez pago o IMI o valor deve ser calculado novamente e dividido pelo número de meses que faltam até vencer novamente.

 Agora que temos o levantamento de todas os nossos compromissos ( anuais e mensais ) sabemos exatamente quais serão as despesas que vamos enfrentar este mês.

Por uma questão de organização aconselho que o valor das despesas anuais e mensais que não vencem no mês corrente sejam colocados numa conta á parte e sejam retirados á medida que as despesas vão vencendo.

Uma vez que tenha efetuado o levantamento das despesas podemos prosseguir para o próximo passo.  Para simplificarmos o artigo iremos utilizar como exemplo uma família que tem um rendimento líquido de 1500€ e compromissos de 850€.

 Como o objetivo do artigo é dota-lo das técnicas necessárias para alcançar a segurança financeira vamos de imediato retirar 10% do valor do salário líquido para a poupança.

No exemplo apresentado esta família fica com 500€ livres para gastar onde bem entender, seja em cafés seja peças de vestuário. Caso o seu orçamento tenha contemplado todas as despesas este valor é completamente supérfluo uma vez que não irá necessitar dele durante o mês, utilize-o como bem lhe apetecer.

Caso considere o valor “livre” demasiado pequeno isto é um forte indicador que de está com uma taxa de esfoço superior a 65 %. Veja no quadro abaixo como calcular utilizando um rendimento líquido de 1800€ e 1600€.

 Se no seu caso a taxa de esforço for superior a 65 % tente reduzir as suas despesas, existem várias entidades como a Deco que o podem ajudar a reduzir os seus encargos mensais.

 Voltemos agora ao nosso exemplo e vejamos como podem alcançar a segurança financeira em 2 anos.  Como escrito anteriormente este casal tem um rendimento líquido de 1500€; assim sendo o fundo de maneio deverá ter o valor de 1500€. Já para o cálculo do fundo de emergência termos de somar as despesas (850€) e o capital livre(500€) e posteriormente multiplicar por 6 obtendo assim o valor de 8100€.  No total esta família necessita de 9600€ (8100+1500) para alcançar a segurança financeira. 

 Sei que parece muito dinheiro, mas se se comprometer a juntar 10% todos os meses e os subsídios de ferias e Natal durante 2 anos garanto-lhe que é possível como pode ver no quadro abaixo:

Sei que para passar 2 anos sem gastar o subsídio de ferias e o subsídio de natal é necessária uma enorme contenção orçamentar. Mas como escrito no início do artigo, não pretendo que se prive dos pequenos prazeres da vida.

Uma vez que alcance a Segurança financeira têm agora o poder de escolher o que deseja fazer com os 10% que colocava de parte todos os meses. Pode continuar a poupa-los para alcançar outros objetivos como comprar um carro ou ir de férias. Pode também passá-los para o capital livre e assim ter mais algum dinheiro para gastar no dia a dia ou pode investi-lo e tirar anos a sua idade da reforma.

Lembre-se que o orçamento mensal é algo pessoal e dinâmico pelo que deve ser revisto mensalmente e ajustado consoante as necessidades do leitor.  

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