A Dívida Excessiva dos EUA e as Consequências na Bolsa de Valores: Como Proteger o teu Portfólio

Nos últimos anos, a dívida pública dos EUA aumentou a um ritmo alarmante, ultrapassando os 100% do Produto Interno Bruto (PIB). As projeções sugerem que a dívida pode atingir 144% até 2036. Este cenário apresenta riscos significativos tanto para os mercados financeiros quanto para investidores individuais. Neste artigo, vamos analisar as causas da dívida excessiva dos EUA, os seus impactos no mercado da bolsa de valores e como os investidores podem proteger os seus portfólios numa futura crise financeira na América.

O Crescimento da Dívida dos EUA: Como Chegámos Aqui?

O aumento da dívida dos EUA é impulsionado por vários fatores, que incluem:

  • Déficits Orçamentais Crónicos:
    • O governo dos EUA gasta consistentemente mais do que ganha em impostos, resultando em défices orçamentais. Esses défices são financiados através da emissão de títulos de dívida (obrigações).
  • Programas Sociais e Saúde:
    • Programas como a Segurança Social e o Seguros de Saúde representam uma fatia significativa da despesa pública. Com o envelhecimento da população, os custos associados a estes programas vão continuando a aumentar, agravando a dívida.
  • Gastos com Defesa e Crises Económicas:
    • Os EUA gastam uma quantia significativa em defesa e a recuperação de crises económicas, como a de 2008 e a pandemia de COVID-19, exigiram pacotes de estímulo massivos que aumentaram a dívida.
  • Política Fiscal:
    • Reduções de impostos, como as implementadas em 2017, sem cortes equivalentes nos gastos, contribuíram para o crescimento do défice.

Este crescimento descontrolado da dívida traz riscos elevados para a estabilidade financeira do país e pode gerar consequências negativas em várias áreas, nomeadamente nos mercados financeiros.

Divida USA – 28 de fevereiro de 2024

Impacto da Dívida Excessiva na Bolsa de Valores

A elevada dívida pública tem várias consequências para os mercados financeiros que podem resultar em alta volatilidade no mercado de ações podendo originar desvalorizações significativas neste mercado. Alguns dos efeitos dessa volatilidade são:

  • Aumento das Taxas de Juro:
    • Com uma dívida crescente, o governo precisa de emitir mais títulos para financiar os seus gastos. Para atrair investidores, o governo é forçado a oferecer rendimentos mais elevados nas obrigações. À medida que as taxas de juro sobem, o custo do crédito para as empresas também aumenta, o que pode reduzir o seu lucro e, consequentemente, o valor das suas ações. Este fenómeno pode causar uma correção nos mercados financeiros.
  • Redução do Crescimento Económico:
    • Uma dívida pública excessiva pode forçar o governo a cortar nos investimentos públicos essenciais, como infraestruturas, educação e inovação. Estes cortes podem resultar numa desaceleração do crescimento económico, o que é prejudicial para os mercados de ações uma vez que as empresas podem ver as suas receitas e lucros diminuírem.
  • Risco de Inflação e Desvalorização do Dólar:
    • Se o governo optar por “imprimir” dinheiro para pagar a dívida, isso pode levar a um aumento da inflação. A inflação alta tende a corroer o valor real dos investimentos, afetando negativamente o mercado acionista, especialmente em setores que não conseguem ajustar os seus preços rapidamente para acompanhar o aumento dos custos.
  • Volatilidade nos Mercados de Obrigações:
    • Esta volatilidade é originada pela incerteza nos mercados financeiros em geral, incluindo as bolsas de valores, onde os investidores podem retirar capital de ativos de risco, como ações e movê-los para ativos considerados mais seguros.

Prevenções e Precauções: Como Proteger o teu Portfólio

Dado o risco crescente associado à dívida dos EUA, os investidores precisam de tomar medidas preventivas para proteger os seus portfólios contra uma possível correção do mercado ou crise da dívida. Algumas das atenções que podemos ter passam por:

  • Diversificação do Portfólio:
    • Uma das formas mais eficazes de mitigar o risco é diversificar o portfólio. Não coloques todos os teus investimentos em ações de um único setor ou país. Investe em diferentes classes de ativos, como obrigações, metais preciosos (ouro e prata) e ações de mercados internacionais. Se houver uma crise de dívida nos EUA, ter uma exposição a outros mercados poderá amortecer o impacto no portfólio.
  • Investimento em Ações Defensivas:
    • Durante períodos de incerteza económica, as “ações defensivas” tendem a ter um desempenho relativamente melhor. Estas incluem setores como saúde, bens de consumo essenciais e de serviços públicos que são menos sensíveis a oscilações económicas, uma vez que oferecem produtos e serviços que são sempre necessários, independentemente do ciclo económico.
  • Monitorização da Curva de Rendimentos:
    • A “curva de rendimentos” das obrigações dos EUA é um excelente indicador da saúde económica. Quando a curva de rendimentos inverte, ou seja, quando os rendimentos de curto prazo superam os de longo prazo, historicamente, é sinónimo de um sinal de recessão. Acompanha esta “curva” das obrigações para antecipar potenciais correções no mercado de ações.
Relação entre Yields – 2 (vermelho), 10 (azul) e 30 Anos (roxo)

  • Acompanhar a Política da Reserva Federal (Fed):
    • As decisões de política monetária da Fed, especialmente em relação às taxas de juro e às medidas para controlar a inflação, afetam diretamente os mercados financeiros. Mantém-te informado sobre os anúncios da Fed e ajusta o teu portfólio conforme necessário. Se a Fed adotar uma política monetária restritiva para combater a inflação, isso pode pressionar negativamente as ações.
  • Considerar Investimentos em Ativos Refúgio:
    • Durante crises de dívida ou instabilidade nos mercados financeiros, os investidores geralmente procuram ativos refúgio, como o ouro, que tendem a preservar o valor durante períodos de turbulência. Considerar uma alocação estratégica em metais preciosos pode ser uma forma eficaz de proteger o teu portfólio contra a volatilidade.

Conclusão

A dívida pública dos EUA continua a crescer, e as suas implicações para os mercados financeiros não podem ser ignoradas. Os investidores devem estar atentos aos sinais de alerta, como o aumento das obrigações, a inflação elevada e as decisões da Fed que podem sinalizar uma correção no mercado de ações. Através de uma diversificação adequada, da monitorização da curva de rendimentos, e de investimentos em setores defensivos, pode-se reduzir o risco de perdas significativas em tempos de incerteza económica.

Adotar uma abordagem proativa e informada permitirá que os investidores se ajustem rapidamente a qualquer mudança no ambiente macroeconómico, minimizando os impactos negativos no portfólio e mantendo o foco no crescimento a longo prazo.

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