Donald Trump irá reassumir a presidência dos Estados Unidos a 20 de janeiro de 2025, e arrasta consigo uma nova dinâmica política que suscita diversas questões sobre as suas implicações para Portugal. As áreas de comércio e segurança estão entre as mais afetadas, enquanto o foco na política do “sonho americano” reacende tanto desafios quanto oportunidades, em um cenário que promete ser imprevisível.
1. Consequências Econômicas e Comerciais
1.1. Comércio e Tarifas
A abordagem protecionista de Trump, que prioriza as indústrias americanas, pode dificultar as exportações portuguesas para os EUA. Setores fundamentais da nossa economia, como vinho, azeite e cortiça, podem ser diretamente impactados por tarifas mais elevadas. Para mitigar esses efeitos, será crucial explorar alternativas que mantenham o fluxo comercial, como a diversificação de mercados e a busca por acordos bilaterais. Segundo um estudo do European Centre for International Political Economy (ECIPE), as tarifas impostas durante o mandato anterior de Trump resultaram numa queda significativa nas exportações de produtos europeus para os EUA.
1.2. Energias Renováveis em Risco
Com Trump a promover a exploração de combustíveis fósseis, há uma pressão potencial para que Portugal aumente as importações de gás natural americano. Esta situação pode representar um obstáculo para os nossos planos de expansão das energias renováveis, comprometendo os objetivos de redução de emissões e o investimento em tecnologias verdes. De acordo com a International Renewable Energy Agency (IRENA), a transição para energias limpas é crucial para o futuro sustentável da Europa, e a dependência de combustíveis fósseis pode atrasar esse progresso.
1.3. Flutuações Cambiais
O impacto de Trump sobre o valor do dólar pode trazer tanto benefícios quanto desafios. Um dólar mais forte tornaria os produtos portugueses mais acessíveis aos consumidores americanos, favorecendo as exportações. No entanto, importações mais caras e possíveis ajustes nas taxas de juros europeias poderiam pressionar os orçamentos das famílias e empresas portuguesas. A Banco de Portugal já alertou sobre a volatilidade cambial como um fator de risco para a economia nacional.
2. Geopolítica
2.1. NATO e Contribuições de Defesa
O histórico de Trump com a NATO sugere uma pressão renovada para que os países europeus aumentem seus gastos militares. Portugal, devido à sua posição estratégica no Atlântico, pode ser chamado a destinar mais recursos para a defesa, o que implicaria cortes ou redistribuição de verbas em áreas como saúde e educação. Um relatório da NATO indica que o aumento das contribuições militares pode ser uma exigência constante durante a presidência de Trump, o que exigirá um debate interno sobre prioridades orçamentárias.
3. Impacto nos Investimentos
O retorno de Trump pode influenciar significativamente o ambiente de investimentos, tanto nos EUA quanto em Portugal. A instabilidade política e as políticas econômicas protecionistas podem criar um clima de incerteza que afeta a confiança dos investidores. Segundo a Bloomberg, a volatilidade do mercado durante o mandato anterior de Trump resultou em flutuações acentuadas nos índices de ações e na confiança empresarial.
Por outro lado, a possibilidade de um aumento nos investimentos em infraestrutura nos EUA, impulsionado por políticas inclusivas, pode abrir oportunidades para empresas portuguesas que atuam em setores como construção e tecnologia. A Câmara de Comércio Portuguesa nos EUA destaca que as empresas que se adaptarem rapidamente às novas condições de mercado poderão beneficiar de um ambiente de investimento em transformação.