Economia
De acordo com o The Economist, prevê-se um crescimento económico global comedido até 2025, embora as perspetivas estejam marcadas por uma incerteza significativa devido às políticas imprevisíveis dos EUA durante a presidência de Donald Trump. A sua posição em relação a tarifas, imigração e geopolítica podem ter impactos consideráveis na economia mundial. É expectável que o radicalismo de Trump seja atenuado pelas realidades políticas e económicas, bem como pela sua sensibilidade ao desempenho dos mercados financeiros, embora esta “ assumption” contenha riscos.
Para 2025, a previsão de crescimento económico global é de 2,6%, uma diminuição ligeira face à previsão anterior de 2,7%. O maior risco identificado é o compromisso de Trump em aumentar as tarifas de importação dos EUA, com um incremento inicial de 10% sobre produtos chineses, e potenciais elevações futuras. No entanto, há ceticismo em relação à implementação de tarifas de 25% sobre o Canadá e o México, dada a potencial disrupção das cadeias de abastecimento e o aumento dos preços para os consumidores americanos.
Os EUA podem continuar a apresentar um desempenho relativamente forte no curto prazo, impulsionados pela produtividade tecnológica, enquanto a China poderá enfrentar desafios devido às tarifas dos EUA, mitigados parcialmente por estímulos fiscais e monetários. Na Europa, a zona euro deverá manter um crescimento modesto, com a Alemanha a enfrentar dificuldades na recuperação da sua competitividade industrial. O Japão é esperado regressar ao crescimento em 2025, após a contração em 2024.
É expectável que os mercados emergentes enfrentem condições adversas, mas aqueles que possuam recursos valiosos e implementem reformas empresariais terão melhores perspetivas de sucesso. A Índia deverá destacar-se como a economia emergente com maior crescimento, seguida por Argentina, Indonésia e Polónia.
Espera-se uma inflação significativa nos EUA, enquanto na Europa os níveis deverão ser mais moderados. Os preços globais de alimentos e bebidas poderão aumentar devido aos elevados custos históricos do cacau e do café, além de um surto contínuo de gripe aviária. Algumas economias, como a China, poderão enfrentar deflação devido à fraca confiança dos consumidores e empresas, bem como aos esforços limitados de estímulo económico.
Política Monetária
O ciclo global de alívio monetário tem desacelerado. Nos EUA, o Federal Reserve deverá interromper o ciclo de alívio até ao segundo trimestre de 2025, devido ao aumento dos preços e um mercado de trabalho constrangido. Quanto ao Banco Central Europeu e ao Banco da Inglaterra é expectável a redução taxas de juro mais cedo e de forma mais acentuada, embora as taxas de juros permaneçam acima dos níveis de 2010.
Na China, as pressões deflacionárias podem exigir uma política monetária mais flexível, enquanto a desvalorização do renminbi poderá limitar esses ajustamentos. No Japão, a fraca procura doméstica e as finanças públicas pressionadas podem restringir aumentos nas taxas de juros.
A política fiscal poderá ser afetada por movimentos populistas e elevados níveis de dívida pública. Os governos terão de equilibrar os planos de aumento de despesas com medidas de arrecadação de receitas ou cortes de custos para evitar volatilidade nos mercados obrigacionistas.
Continuará a predominar um sentimento anti incumbente que moldará as tendências políticas internas, resultando em ciclos de instabilidade política e mudanças administrativas.
Geopolítica
O cenário geopolítico global poderá ser caracterizado por uma competição intensa. A política externa dos EUA, sob o lema “USA First” de Trump, priorizará os interesses nacionais americanos, potencialmente poderá aumentar as tensões com aliados tradicionais.
Os Estados terão de fazer escolhas estratégicas difíceis na manutenção das relações com os EUA ou com a China, com uma provável deterioração das relações entre as duas superpotências.
Os riscos de escalada de conflitos globais manter-se-ão. As negociações entre a Rússia e a Ucrânia podem culminar num acordo de paz instável. Cessar-fogos no Médio Oriente serão testados enquanto as negociações com o Irão poderão evoluir. A Coreia do Norte continuará a ser uma fonte de preocupação com o seu programa nuclear.
As mudanças na economia global serão significativamente influenciadas pela geopolítica, como a expansão das políticas industriais e as tensões comerciais, desafiando a eficiência das cadeias de abastecimento e possivelmente fragmentando as cadeias de valor globais.
Este panorama económico e geopolítico complexo exigirá adaptabilidade e resiliência tanto de países desenvolvidos como de mercados emergentes para enfrentar os desafios futuros.
Nota: Esta análise é baseada em expetativas retiradas da publicação mensal do The Economist, notícias e informação pública disponível e pode estar sujeita a variações conforme a evolução dos contextos económicos e geopolíticos.